quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Á procura

Quero falar do que fui...
Um dia acreditei que um indiana jones me viesse resgatar e me levasse para longe, para um mundo de aventuras, onde correriamos de mãos dadas a fugir de bolas de pedra numa ravina. Iamos salvar o mundo e ainda ter tempo para nos deitar-mos ao sol numa clareira enquanto ouviamos as gaivotas voar. Depois passou. Um dia acreditei que podia, com uma mochila às costas voar para outro continente, conhecer pessoas novas e mudar-lhes a vida só com um sorriso. Ficou a vontade, depois passou. Um dia acreditei, que podia ser bailarina e calcar o gelo como quem dança uma valsa graciosa, numa pista onde a multidão me aplaudisse com eúforia.Depois percebi que não sabia faze-lo. Na meninice, todos os sonhos são perfeitos e possiveis. No 5ºano tive a minha primeira paixão. Chamava-se Nuno Machado, nunca me consegui esquecer. Era lindo, o miudo mais giro e popular. Um dia houve um torneio de futebol na escola e eu ,que sempre tive dois pés esquerdos e nenhuma queda para correr atrás de bolas, esforcei-me tanto que consegui entrar na equipe de futebol . Ele ía ser o árbrito. Não me lembro se ganhámos ou não, lembro-me apenas de cair e de ele me levantar com os braços. Queria morrer ali naquele momento. Nesse dia escrevi a primeira carta de amor da minha vida. Dobrei-a bem num envelope perfumado cor de rosa que roubei à mãe. Respirei fundo de tão vermelha, e pedi a uma amiga que lha entregasse na fila do almoço. Fui a correr para a casa de banho com borboletas na barriga. Não aguentei e fui espreitar. PUM PUM PUM, AI QUE O MEU CORAÇÃO REBENTA. E ele, sorriu, feliz de ter recebido a primeira carta de amor, mas como rapazolas que era, parvo, amarrotou-a com desdem no bolso. Que pontapé!!! Ahhh. Então é assim que tratam o amor verdadeiro?? Corri para a fila em direccão ao Nuno, retirei-lhe a carta do bolso e dei a minha primeira e mais forte chapada num homem. Odiava-o... Nunca mais escrevi uma carta de amor sem saber se me amavam. Jurei a mim mesma que nunca mais iria sofrer, amar demais alguém para que depois amarrotassem o meu coração.
De manhã acordei e senti-me mulher, o que queria era olhar para o meu umbigo e salvar-me a mim. Fui crescendo sem nunca esquecer a minha promessa. Tive tantas paixões, mas mal sentia que estava a gostar muito apanhava boleia do vento e voava dali para fora. Foi nessa altura precisamente que aprendi que é possivel racionalizar grande parte do que sentimos. Aprendi a controlar-me muito bem. Fui crescendo, sempre com as pessoas certas, as que me estavam no fado da vida. Amei, e amo intensamente cada uma delas, mesmo as que só ficaram por momentos. Mais uns anos em cima e entendi que não existem seres divinos além de Deus. Somos todos humanos, e como humanos que somos erramos. Aprendi a perdoar. E quando aprendi a perdoar aprendi que não há amor nem amizade nem sentimento pouco palpavel com música de fundo como nas novelas. Não fiquei desiludida. Não faz mal. Aprecio cada flor, cada cheiro, cada paisagem, cada cor, cada emoção como se fosse a última, porque amanhã pode ser tudo diferente. Por isso gosto de provar muitas vezes sempre a mesma coisa, pode ser que hoje nem goste mas amanhã até goste, porque me vai saber doutra maneira.
Falo do que sou...

era eu a convencer-te que gostas de mim
e tu a convenceres-te que não é bem assim...
Era eu a mostrar-te o meu lado mais puro
e tu a argumentares, os teus inevitaveis
Eras tu a dançares em pleno diae eu encostado como quem não vê
eras tu a falar para esconder a saudade
e eu a esconder-me do que não se dizia
Afinal quebramos os dois
Desviando os olhos por sentir a verdade
juravas a certeza da mentira
mas sem queimar demais
sem querer extinguir o que já se sabia
eu fugia do toque como do cheiro
por saber que era o fim da roupa vestida
que inventara no meio do escuro onde estavas
por ver o desespero na cor que trazias...
Afinal quebramos os dois
Era eu a despir-te do que era pequeno
e tu puxares me para um lado mais perto
onde contamos histórias que nos atam
ao silêncio dos lábios que nos mata
eras tu a ficar por não saber partir...
e eu a rezar para que desaparecesses...
era eu a rezar para que ficasses...
e tu a ficares enquanto saías..
não nos tocamos enquanto saías
não nos tocamos enquanto saímos
não nos tocamos e vamos fugindo
porque quebramos como crianças
afinal quebramos os doise é quase pecado o que se deixa...
é quase pecado o que se ignora...

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